Conte-nos um pouco do seu percurso profissional, até chegar ao GiGA.
Após um percurso escolar que passou por 6 escolas, fiz o curso de Medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa (situada no Hospital de Santa Maria) e comecei a trabalhar nesse mesmo Hospital, onde fiz o que se chamava na altura Internato Geral. Quando chegou a fase de escolher a Especialidade optei pela Ortopedia, sendo o primeiro candidato a escolher a Especialidade a nível nacional. À posteriori, classifico esta escolha como uma das melhores opções da minha vida pois não me vejo a trabalhar em qualquer outra área da Medicina. Na altura decidi fazer o internato de Ortopedia num Hospital que se estava assumir como importante escola na prática da especialidade, o Hospital de Curry Cabral. Aí desenvolvi o gosto pela Patologia do Pé e Tornozelo que ainda se mantém. Há cerca de 5 anos, achei que estava na altura de dar um passo em frente tendo mudado para o Hospital de Cascais onde assumi a Direção do Serviço de Ortopedia e mais recentemente de 2 Departamentos do mesmo Hospital.
Simultaneamente, percorri um trajeto fora do SNS, tendo trabalhado em várias instituições privadas, com especial enfase para a Medicina Curativa em Sinistrados e no final desse percurso que surge o GIGA.
Também de destacar o trabalho no 3º Setor, ou seja, na Santa Casa da Misericórdia da Amadora onde tenho responsabilidades clínicas e administrativas na Unidade Cuidados Continuados Integrados e na Clínica Médica de Alfragide.
Qual a sua visão para a clínica?
Neste mundo dominado pela massificação e pela perda do individualismo, os cuidados de saúde sofrem do mesmo mal. Neste momento verificamos que a Medicina Privada está dominada por grandes Hospitais, que se assumem como “grande superfícies” de cuidados saúde. Eu vejo o GIGA, e mantendo a analogia comercial, mais como uma “Mercearia Gourmet”, onde se encontra um “produto” de alta qualidade e onde as pessoas que nos procuram se possam sentir como indivíduos únicos que realmente são, em vez de mais “um cliente”. Esse cuidado personalizado é fundamental para poder chegar às pessoas e cuidar delas nas diversas vertentes da sua saúde.
Qual a sua maior preocupação quando um doente o procura?
A minha maior preocupação é talvez não ter capacidade para conseguir abordar satisfatoriamente todas as vertentes da condição que provoca sofrimento ao doente, que muitas vezes ultrapassa a dimensão do simples gesto técnico. Ou seja, a minha preocupação não é que a operação seja ou não um sucesso, é mais que o doente possa achar que a minha atuação não tenha sido satisfatória.
Como é normalmente realizado o diagnóstico de patologias no Tornozelo?
O tornozelo é uma região muito complexa, com muita patologia, que importa conhecer toda. De qualquer modo, o diagnóstico tem como base ouvir o doente e fazer um exame clínico detalhado e preciso.
No entanto, quase sempre é necessário recorrer a exames complementares diagnósticos que são cada vez mais complexos. As radiografias são normalmente obrigatórias e cada vez mais a patologia do tornozelo necessita de exames sofisticados como a Ressonância Magnética. Mas a base é a História Clínica e o Exame Objectivo.
Quais são os principais sintomas que devem motivar a suspeita de patologias no Tornozelo?
Na patologia do tornozelo o sintoma mais importante será a dor. No entanto há situações complexas que podem ser indolores, a sensação que o tornozelo “se vai a abaixo” pode ser um sintoma importante
Descreva-nos o seu dia-a-dia.
O meu dia-a-dia resume-se muito ao trabalho. A manhã e o início da tarde passa-se no Hospital de Cascais e o resto da tarde a fazer consultas nas instituições privadas ou sociais onde trabalho. Uma vez por semana tenho operações também numa dessas instituições.
Todos os dias tomo o pequeno almoço em família (com a minha mulher e as minhas filhas) e faço um esforço para estar em casa à hora do jantar para ter essa refeição também em família, porque os momentos familiares são fundamentais para a vida de todos.
O que o mantém ocupado fora da clínica? Quais são os seus hobbies?
Para além do tempo que passo a trabalhar ou com a família, a minha principal ocupação é a ler, sempre ficção, de vários estilos mas com especial foco na literatura fantástica. Aquele hobby onde gostaria de passar mais tempo, mas nem sempre possível, é a correr. A preocupação com passar sempre algum tempo em família e o trabalho que levo para casa, faz nem à noite tenha tempo para treinar. Muitas vezes só sobra o fim de semana.
Tem alguma citação/life motto de referência que gostaria de partilhar?
Há algumas frases e citações que me marcaram mas curiosamente aquela que me vem sempre primeiro à memória é o ditado popular: “Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas” que interpreto da seguinte maneira: a vida dá-nos algumas pauladas, no intervalo dessas pauladas temos de aproveitá-la ao máximo e estar gratos pelo “intervalo”.