Anatomia

A articulação do joelho tem dois meniscos, um interno ou medial, e, outro, externo ou lateral.
São estruturas fibrocartilagíneas, em forma de crescente, situadas entre a superfície articular do fémur e a da tíbia.

O menisco divide-se topográficamente em corno anterior, corpo e corno posterior.

Funções

São diversas e todas elas importantes.
Adaptam e estabilizam, em cada posição da articulação, a superfície convexa do fémur à superfície plana ou ligeiramente concâva da tíbia, absorvem e distribuem as cargas provenientes do fémur sobre a superfície tibial.
Têm ainda um importante papel na nutrição da cartilagem articular.

Epidemiologia

A incidência de lesão meniscal é de de cerca de 7 em cada 10 000 habitantes do hemisfério norte.
É quase duas vezes mais frequente no sexo masculino, sobretudo, nas 3º, 4ª e 5ª décadas de vida.

Causas de lesão meniscal

Os meniscos são afectados por anomalias congénitas, inflamatórias, metabólicas, degenerativas e até neoplásicas.
Na prática clínica, as causas traumáticas e as degenerativas, assumem, no entanto, uma relevância particular pela sua superior incidência, impacto social e económico.
Entre as causas traumáticas, as de origem desportiva e as laborais, assumem particular importância, habitualmente associadas a episódio de entorse da articulação.
Com a idade, mesmo num joelho saudável, a perda de vascularização e degenerescência do tecido meniscal progressivas tornam-no progressivamente mais frágil e susceptível.
As lesões denominadas de índole degenerativa são melhor toleradas e surgem, por vezes, como mero achado radiológico.

Quadro clínico

A dor e o aumento de volume articular constituem o quadro de base.
Os episódios súbitos de perda de força e os fenómenos de bloqueio, ou sensação eminente daquele, são outros sinais comuns.

Lesões associadas

A lesão meniscal acompanha-se muitas vezes de alterações da cartilagem articular e/ou de lesão ligamentar.
Dependendo da especificidade e da gravidade da lesão associada, o prognóstico da lesão meniscal é mais, ou menos, afectado.

Tratamento

Nas idades mais jovens, em determinadas lesões muito limitadas, lesões que não atinjam a superfície articular e em contextos degenerativos cuja sintomatologia não seja claramente atribuível à lesão, o tratamento conservador pode ser a primeira opção.
Contempla um período de descarga da articulação, limitação da mobilidade, controle da dor e dos fenómenos inflamatórios.

Nos restantes, a necessidade de tratamento cirúrgico é muitas vezes imperativa com vista a minimizar as sequelas que ocorrerão inevitavelmente se não fôr efectuado e a melhorar a sintomatologia, na maioria dos casos permitindo o regresso às actividades habituais.

Tratamento cirúrgico

A opção mais frequente é a meniscectomia, ou seja, a remoção do tecido lesionado, tentando preservar a maior quantidade possível do tecido são.
É hoje perfeitamente claro que quanto maior a quantidade de tecido meniscal removido, maiores serão a médio prazo as alterações degenerativas que ocorrerão no compartimento afectado.
Nos últimos anos, a opção reparadora com a sutura do menisco, vem pela razão acima, ganhando progressiva relevância.
Está, por enquanto, reservada a determinadas localizações e morfologias de lesão pois a capacidade regenerativa não é igual em todo o menisco e está directamente relacionado com o aporte vascular do menisco.
Este aporte faz-se a partir da periferia em direcção ao bordo livre meniscal e vai diminuindo de forma mais ou menos rápida com a idade.
Esta capacidade cicatricial é também afectada por outras situações e contextos como doença préexistente, lesão associada, hábitos de vida, etc.

Prognóstico e evolução

O prognóstico é geralmente bom apesar de muito condicionado pela saúde geral do Paciente, lesões associadas e profissão.
A evolução é habitualmente rápida nos casos de meniscectomia estando o prognóstico reservado, aos oito dez anos, à quantidade de tecido meniscal ressecado.
A evolução pós operatória quando da reparação meniscal é bastante mais lenta pois obriga a um maior período de descarga, em regra de cerca de seis semanas, e, a uma limitação da mobilidade articular também por período semelhante.
Em termos de prognóstico, a possibilidade de insucesso da reparação é ainda elevada, entre 25% e 30% nas grandes séries.
Nos casos de sucesso, o regresso à situação de saúde articular préexistente à lesão é a promessa.

Pedro Beja da Costa
21/VII/2018