Percurso Profissional até chegar ao G.I.G.A
Sendo desde 1991 especialista em Anestesia, a minha carreira profissional esteve sempre muito vocacionada para a rae da dor. Este interesse evoluiu para a area da dor crónica e em 2000 iniciei a Unidade de Dor Crónica do Hospital de Curry Cabral, vocacionada para dor oncológica e não oncológica. Em 2012 aceitei o desafio de coordenar a Unidade de Dor Crónica do Hospital Beatriz Angelo – Grupo Luz Saúde, onde me mantenho até á atualidade.
Paralelamente à minha atividade clínica, tenho desenvolvido atividade na Direção dos Colégios das Competências em Medicina da Dor e de Acupunctura Médica da Ordem dos Médicos.
Visão para o desenvolvimento da Consulta de Dor
A Dor Crónica afecta cerca de 35% da população adulta e acompanha-se geralmente de limitação funcional, depressão, ansiedade e perturbações do sono, que diminuem muito a qualidade de vida. A dor crónica não oncológica musculo-esquelética, resultante de patologia osteoarticular degenerativa, é a mais frequente, mas encontra-se ainda subdiagnosticada e subtratada. Esta ausencia de tratamento adequado e dirigido, amplia-a em intensidade e torna-a “refractária” aos tratamentos habitualmente propostos, perpetuando um ciclo de crescente limitação funcional e aumento da dependência.
Uma Consulta de Dor deverá não só diagnosticar a causa ou causas de dor, avaliar a intensidade dor e o seu impacto na capacidade física e na repercussão psicológica e finalmente propor uma abordagem multidisciplinar integrada e individualizada à patologia do doente que possibilite a melhoria da dor e da função.
Qual a sua maior preocupação quando um doente a procura
Um doente com dor geralmente terá três objectivos: perceber a origem da sua dor, aliviar a dor e melhorar a função e optimizar a sua qualidade de vida. Assim, a maior preocupação do médico será a de proporcionar os tratamentos mais adequados ao seu quadro álgico, garantindo a melhor tolerabilidade e ausência de efeitos secundários, o que apenas será possível se adequarmos de uma forma realista as estratégias farmacológicas e não farmacológicas com melhor evidencia de resultados e de tolerabilidade disponíveis.
Como é normalmente realizado o diagnóstico das patologias
A dor deve ser diagnosticada de forma multidisciplinar, integrando as especialidades que estão na sua etiologia. Sendo a GIGA uma clínica em que vários Ortopedistas seniores contribuem com o Know how das suas subespecialidades, na referenciação dos doentes neste caso será partilhado não só o diagnóstico clínico, com o objectivo de terapêutico na dor e na recuperação funcional. No diagnóstico da dor será fundamental uma exuastiva avaliação clínica (história clinica e exame físico) e a avaliação de exames complementares. Em determinadas situações poderá ser necessário solicitar novos exames para despiste da etiologia da dor. Sem um adequado diagnóstico da causa de dor, não poderá ser proposto um tratamento eficaz dirigido à causa da dor.
É importante realçar que um diagnóstico de dor pode ter por base varias patologias e que será também necessário, para além da multidisciplinariedade da avaliação, o recurso da multidisciplinaridade na abordagens terapêuticas.
Descreva-nos o seu dia-a-dia
Se bem que o meu dia-a-dia esteja vocacionada para o tratamento da dor crónica oncológica e não oncológica, na GIGA dedicar-me-ei apenas a dor não oncológica osteoarticular e miofascial. Em termos profissionais dou ênfase a uma consulta médica em que se valorize a interação médico-doente. Este é um património imaterial que deverá ser valorizado e que será indispensável na continuidade de relação terapêutica. O alivio da dor e a melhoria da função são os objectivos básicos que procuro, e entre as vários tratamentos não farmacológicos disponíveis dou particular enfâse à realização de Acupunctura Médica contemporânea, numa abordagem neurofuncional e baseado nos princípios de neuro modulação periférica. Esta técnica possibilita resultados muito favoráveis em várias patologias osteoarticulares e degenerativas. A sua complementaridade com abordagens farmacológicas e/ ou de medicina física e reabilitação, permitirão a potenciação de resultados terapêuticos.
O que o mantem ocupado fora da Clínica
Manter-me atualizada em termos culturais nas novidades de cinema, teatro, opera, bailado seriam as minhas prioridades se o tempo não escasseasse. Um bom livro, de preferência de temas históricos, é obrigatório à noite, fins de semana e férias. E viajar em percursos não tradicionais, explorando um mundo tão vasto é quase uma obsessão. Grupos de caminhada e percursos de fim de semana em circuitos próximos de Lisboa preenchem a alma!
Tem alguma citação/ life moto que gostaria de partilhar
O que a gente pode fazer por você hoje? – “in Banco Santander”
Qualquer outro ponto que queira partilhar
A dor é uma realidade. O seu impacto limita a qualidade de vida do doente. Raramente se cura, mas o alivio da dor e a melhoria da função, são possíveis dentro de expectativas realistas. Apenas doentes que compreendem a causa da sua dor, que sejam orientados nas estratégias disponíveis para o seu tratamento e que saibam como proceder para diminuir o seu impacto, poderão viver de forma mais plena e manter maior satisfação no seu dia a dia. Isto só será possível se, a sua abordagem for multidisciplinar, o seu tratamento for multiprofissional e o doente se envolver ativamente no processo terapêutico proposto.