​Entrevista ao Director Clínico da Clínica GIGA Saúde a propósito da comemoração do Dia do SNS.


Como vê a comemoração deste dia?

Com a tristeza de quem vê morrer aquilo que foi um dos melhores projectos, e, melhor conseguidos, dos últimos cinquenta anos no nosso País.

E porque é que vê as coisas assim?

Porque um País como o nosso, com os problemas económicos que enfrenta, não consegue sustentar o SNS da forma como foi concebido. Por outro lado, a incapacidade de dizer isto, claramente, aos portugueses, gera uma dinâmica que não permite iniciar a reforma profunda de que necessita.

Dito de outra forma, estamos incapazes de dar resposta ao preceito constitucional de progressiva gratuidade no acesso aos cuidados de saúde, simplesmente, não o dizemos.

Daí resulta o status quo em que a Medicina pública, e, a Medicina dita privada, se degladiam numa espécie de mercado viciado, com franca desvantagem para a primeira, e, para os Utentes

Qual seria a solução?

Na minha opinião, definindo claramente o que o Estado quer, e pode, manter como público.

E o que deveria ser?

Criando centros de excelência de cada área médica, adequados à população que servem, autónomos do ponto de vista da gestão, depositários do conhecimento secular, capazes de ensinar e gerar novas gerações de Médicos, Enfermeiros e Técnicos.

Negociando o resto com os privados, e, assumindo o papel de controle, financeiro e de qualidade.

E como seria essa negociação?

Desde que cada uma das partes entenda que não sobrevive sem a outra, não será impossível.

É o que já acontece na nossa clínica; adequámos o nosso plano, e, o nosso funcionamento, à prestação da nossa parte de serviço público; já assim é há muito e funciona.