Nuno Côrte-Real é um dos ortopedistas seniores do GIGA (Grupo Integrado de Gestão de Acidentes). Integra este projeto desde o seu início, sendo a referência do grupo para o tratamento das lesões do pé e tornozelo. Tem também como função coordenar a atividade científica do Grupo.

P.: Dr. Côrte-Real. Está no GIGA desde o seu início. O que o levou a abraçar este projeto?
R.: O corpo clínico do GIGA não foi reunido quando da criação do GIGA. Um grupo de médicos eu trabalham à muito anos juntos, noutros projetos e que se têm mantido coeso, criando um espirito de grupo notável e reunindo uma experiência invejável no ramo do tratamento de acidentes de trabalho e outros. Portanto foi com naturalidade que ajudei na génese de Grupo desde a fase ainda de conceção.

P.: Diz que se trata dum corpo clínico coeso. O que o leva a dizer isto?
R.: Ao longo dos anos fomos nos conhecendo nas nossas características clínicas, competências técnicas e preferências, o que permitiam um orientação dos nossos médicos em áreas de diferenciação em termos de regiões anatómicas de modo que cada um de nós trata doentes com um tipo de patologia específica duma parte do corpo. São as chamadas Subespecialidades. Isto permite que, com o avançar da experiência, consigamos conhecer mais a fundo as patologias e ganhar mais skills na sua resolução. Esta diferenciação é útil em todos os aspetos. Para os doentes, porque são mais bem tratados, para o GIGA, porque otimiza os recursos, para a Seguradora, porque os resultados clínicos são mais favoráveis, para os médicos, porque a pratica clínica é mais gratificante. O facto de ser mais gratificante para os médicos faz que seja interessante para os clínicos trabalharem no GIGA aumentado a coesão do Grupo, para além das claras relações de amizade e confiança mútua que se têm gerado.

P.: Esta divisão em Subespecialidades, ou seja, em partes do corpo parece ser um passo importante, mas os doentes do GIGA têm características especiais que obrigam os médicos a terem expertise específica.
R.: É sem dúvida um facto primordial. Até à data, a atividade do GIGA tem se centrado no tratamento dos chamados Sinistrados, ou seja, doentes vítimas de acidentes de trabalho, viação e também acidentes desportivos. Esta população, sendo formada por pessoas ativas e produtivas, é naturalmente exigente, tendo sempre como espectativa uma recuperação total para o mesmo nível de atividade prévia ao acidente. Tudo que seja menos que isso é frustrante para o doente e essa deceção contagia o médico.
Por outro lado, o nosso cliente, a Seguradora, exige que o tratamento seja feito com o melhor resultado clínico possível, no menor espaço de tempo e com uma minuciosa otimização dos recursos.
Assim os médicos do GIGA estão altamente treinados em fazer o melhor tratamento possível avaliados em todas as suas vertentes: competente, com o mínimo tempo de inatividade e combatendo o desperdício (de tempo e de recursos).

P.: Realmente parece ser o tipo de tratamento ideal para qualquer doente: bom, rápido e pouco dispendioso. Mas como é que se consegue fazé-lo?
R.: Nem sempre se consegue, mas na realidade é uma preocupação constante nossa. Como vimos a subespecialização é um dos caminhos. Outra é a constante preocupação com a atualização e sólida formação teórica e experiência prática, procurando o conhecimento do que de melhor se faz no mundo para o tratamento de cada patologia. Tem sido nossa prática tentar fazer o que comprovadamente se apresentam como as estratégias terapêuticas mais eficazes e eficientes para os nossos doentes. Esta preocupação tem sido desde o início fortemente estimulada e incentivada pela nossa Direção Clínica fazendo claramente parte da nossa maneira de encarar esta atividade.

P.: Isto quer dizer que no GIGA se privilegiam tratamentos inovadores em detrimentos das técnicas mais habituais.
R.: Às vezes é necessário encontram um equilíbrio que não é fácil entre a inovação e a “doutrina”. Claro que não fazemos experimentalismo, mas este espirito de abertura a novas estratégias e a busca da melhor solução em cada momento, faz que o GIGA já tenha provas dadas no desenvolvimento de técnicas inovadoras. Por exemplo, na minha área, o contributo do corpo clínico de GIGA no desenvolvimento de procedimentos novos no tratamento dos entorses do tornozelo tem sido muito importante com claro reconhecimento internacional. A nossa experiência na artroscopia do tornozelo tem igualmente ecos que ultrapassam as nossas fronteiras. Como prova disso é o facto de sermos frequentemente chamados para partilhar esta experiência em vários fora, literalmente da Argentina à China, passando pelos EU e a muitos países europeus.
Esta projeção não é exclusiva da área do tornozelo. Também no joelho e no ombro, os nossos especialistas têm apresentado a nossa experiência em variadas ocasiões, sendo a nossa opinião respeitada e considerada.

P.: Para terminar como definiria o tipo de cuidados prestados no GIGA.
R.: O GIGA tem centrado a sua atividade num determinado grupo de doentes em circunstâncias especiais; doentes vítimas de acidentes sob a responsabilidades de Companhia de Seguros.
Trata-se, portanto, duma população exigente com um cliente (Companhia de Seguros) também exigente. Esta situação obriga-nos a prestar o melhor nível de cuidados que nos é acessível, ou seja, cuidados de excelência. Igualmente temos uma Gestão e uma Direção Clínica que tem privilegiado a diferenciação técnica e a afirmação científica do Corpo Clínico, o que nos faz ter confiança para afirmar com orgulho que o GIGA é um Grupo onde o tratamento das lesões traumáticas é feito com competência, inovação e segurança.